domingo, 16 de novembro de 2008

Soneto do amor total

Amo-te tanto, meu amor...não cante
humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.

Amo-te afim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.

Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.

E de te amar assim ,muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.

Vinícius de Moraes

terça-feira, 11 de novembro de 2008

My mistress’s eyes are nothing like the Sun;
Coral is far more red than her lips’ red;
If snow be white, why then her breasts are dun;
If hairs be wire, black wires grow on her head.
I have seen roses damasked, red and white,
But not such roses see I in her cheeks;
And in some perfumes is there more delight
Than in the breath that my mistress reeks...


Willian Shakespeare, citado em 'Contraponto', de Aldous Huxley.

sábado, 8 de novembro de 2008

Anjo todo alegria, conheceis a desgraça,
A vergonha, o remorso, os soluços, o tédio,
E nas noites de pasmo, o terror sem remédio,
Que comprimem o coração como um papel que se amassa?
Anjo todo alegria, conheceis a desgraça?


Enviado a mim por um dos meus amores, de Baudelaire em 'Les fleurs du mal'.