terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

encontros e desencontros

na noite de ontem consegui acabar de ver o documentário sobre a obra do fotógrafo Henri Cartier-Bresson e na ânsia de tentar imitar alguma coisinha do talento do francês, dei um jeito de arrumar pilhas novas e de tirar a poeira da pobre máquina digital que se escondia em algum lugar da casa. após algumas tentativas de tomar fotos boas, que na verdade foram mais brincadeira com a máquina que uma intenção real de se fazer alguma coisa, precisava de ver o resultado no computador, ou seja, precisava do cabo que passa tudo pra ele. procurei nos armários do meu pai, perto do computador de lá de baixo, nas coisas da minha mãe, e finalmente fui bisbilhotar a cabeceira do meu pai, onde ele guarda poucas coisas, como um canivete que lhe foi presenteado ou um relógio de corda antigo, ganho de herança. ao tirar a última gaveta do móvel, por estar vazia demais, ela veio parar por inteira na minha mão, derrubando as poucas coisas que estava ddentro dela. quando fui reparar o erro (que juro pelo que vocês quiserem que foi sem querer), descobri um pequeno caderno no vão entre a última gaveta e o apoio do móvel. era bastante colorido com uma imagem de algum santo ou orixá na capa, não prestei muita atenção. no primeiro momento não dei importancia ao caderninho, e até achei melhor não ser tão despudorado e mexer numa coisa que poderia guardar coisas bem íntimas, coisas que um filho não gostaria de saber sobre o pai. não resisti. há muito tenho pensado em descboria coisas secretas dos meus pais, e menos essas e mais coisas que eles pudessem me dizer se não fossem eles quem são. quero conhece-los como se não tivessem que ser maus pais. ali estava uma chance.
ao abrir vi que tinha uma dedicatória no começo, e entendi a intenção do presente, tao evidente que era. o presentiador queria incentivar meu pai a escavar coisas que não deveriam ter sido enterradas, e antes, permiti-lo que o quê acontecerá, terá nota, terá a oportunidade de não ser enterrado.
comecei a folhear. percebi que eram só 4 folhas escritas. não me senti impedido de ler. li. eram relatos cotidianos, chegando até no dia da semi-final da copa do mundo de 02, que o Brasil perdera para a França. olhem: tinha a escalaçaão do time brasileiro (já sei de onde vem minha paixão pelo futebol).
o que mais me impressionou foi a falta de cadáveres. a falta de exumações. acho que o objetivo do presente não foi atingido, se realmente eu o tivesse desvendado.
mas pensando mais sobre o caso, será que meu pai tinha alguma coisa para desenterrar? será ainda que nada acontecia no seu cotidiano que o fizesse querer arrancar as veias dos braços quando não aguentasse mais sentir pulsar tanto seu sangue, e seu coração no peito? sem desespero? sem paixão?
sei lá. fiquei com medo do meu futuro. muito.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Insônia

o galo do vizinho e o trem a uns dois quilometros pareciam manter uma conversa desvairada e intensa. o cantar do primeiro era intercalado pela buzina do segundo, e no fundo percebia-se que aquilo era somente uma grande sacanagem com quem dormia um sono superficial nas cercanias. os cachorros pareciam entrar na brincadeira, e quando o papo entre o galo e a maquina escrota e barulhenta parecia dar tregua, os cãe da vizinhança retomavam esta guerra de sons de intensidades e qualidades irritantes a cada minuto que se passava na madrugada.
o céu nao colaborava muito com os que lutavam contra a insônia, guardando em si uma lua minguada com estrelas apagadas entre nuvens extremamente baixas e rápidas. era uma madrugada monótona que só tinha a irritar quem quisesse tirar algum entretenimento dali.
essa cidade sempre foi assim: todos os dias parecendo terças-feiras e a maior parte do dia parecendo manhãs de sábado. no conjunto:terça-feira; retalhado: manhãs de sabado. não importava o ano, estação ou época do ano, os dias não conseguiam se diferenciar de outro, coisa que trazia grande marasmo pra quem ali conseguia sobreviver.
já sobre as noites não se poderia falar o mesmo. as noites eram como são em qualquer parte: muito profundas e inperscrutaveis. entretanto esta em especial não trazia nenhum atrativo ou curiosidade para amenizar as mentes exasperadas acordadas por forças que eles mesmos, os donos delas(que em muitasd ocasiões poderiam ser chamados de escravos delas), não podiam explicar da onde vinham.
os motivos, com certeza, eram variados, bem sortidos num saco grande de desilusões e segredos escondidos dos próprios confidentes. mas como dito, nada consciente e nada aparente, só o desconforto.
alguns teriam dito que o suicídio era uma opção àquela circunstância, não pelo desespero ou pela angústia, mas justamente pelo contrário, pelo vazio imenso de uma mente que escondia muito bem todos suas sujeiras para debaixo do tapete. uma bala de calibre qualquer, tanto faz, encontraria somente a resistência de duas paredes: a da entrada e a da saída.
outros afirmariam que nada se passava de errado se algum familiar o surpreendesse em sua vigília, e em segredo(mais um) forçaria que seu sono aparecesse o mais rápido possivel, e até ameaçaria o coitado de porrada caso nao cumprisse com sua ordem de vir ligeiro.
outros ainda prometeriam a si mesmos que no dia seguinte - caso ele existisse(coisa que se põe em duvida devido a quase inexistência de uma noite de sono que pudesse separar dois dias)- seus demônios que os acompanhavam noite após noite, fossem eles quem fossem, seriam encarados de uma forma ou de outra, ou os ameaçando de porrada (como a turma anterior ameaçaria seu sono) ou de forma heróica, mas humilhante, assumiriam seus defeitos e falhas e encarariam triunfantemente sua pena.
mas nada disso, na verdade acontecerá. sejamos sinceros. nesse lugar, no meio do país da indiferença, em que nada mudou desde onde a memória alcança, no lugar onde os mais velhos guardam ainda no peito remorsos e arrependimentos acontecidos na sua adolescencia, nada, nunca nada ia ser diferente. pelo menos diria isso a mente mais racional. e menos indicado para o serviço.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Isso aqui é novo, tá bom minha gente? Considerei fortemente a qualidade do antigo blog e considerando também que persistirei em escrever besteiras, aí está, um novinho em folha, nem tão novinho assim pelas citações antigas de um blog secreto que isso era. Enfim...vou tentar ser menos melodramático e grandiloquente para `produzir` algo perto de literatura!
uebaaa!