sábado, 29 de agosto de 2009

A saga começa

Não tinha como carregar meu celular. Esse é o único motivo de não mandar notícias pelo Twitter.
A viagem foi muito maneira! Todos tentando resistir ao tédio e ao futum que imperava no onibus todo, como se espera de uma viagem de 45 pessoas durante 42h num onibus furreba. O banheiro tinha um cheiro inexplicavel.
Paramos as duas manhas para tomar banho e e cafe, mas alguns imprevistos nos tomaram. Dois pneus furados: um em ita-algumacoisa (BA), e em Recife.
Os porres foram majestosos e a diversão foi total.
O estado da Bahia nunca acabava (foram um dia e pouco atravessando-o) e alagoas e pernambuco são uma só plantação de cana de açicar, uma mega plantação.
Cheguei agora em j pessoa. Alojamento muvucado e camping pra quem trouxe barraca. tudo como esperado. As coisas estão se assentando e ainda não está nada certo, mas tudo promete ser muito muito.
Prometo atualizar o Twitter.

Beijos!

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

O Haver

Resta, acima de tudo, essa capacidade de ternura
Essa intimidade perfeita com o silêncio
Resta essa voz íntima pedindo perdão por tudo
- Perdoai-os! porque eles não têm culpa de ter nascido...

Resta esse antigo respeito pela noite, esse falar baixo
Essa mão que tateia antes de ter, esse medo
De ferir tocando, essa forte mão de homem
Cheia de mansidão para com tudo quanto existe.

Resta essa imobilidade, essa economia de gestos
Essa inércia cada vez maior diante do Infinito
Essa gagueira infantil de quem quer exprimir o inexprimível
Essa irredutível recusa à poesia não vivida.

Resta essa comunhão com os sons, esse sentimento
Da matéria em repouso, essa angústia da simultaneidade
Do tempo, essa lenta decomposição poética
Em busca de uma só vida, uma só morte, um só Vinicius.

Resta esse coração queimando como um círio
Numa catedral em ruínas, essa tristeza
Diante do cotidiano; ou essa súbita alegria
Ao ouvir passos na noite que se perdem sem história.

Resta essa vontade de chorar diante da beleza
Essa cólera em face da injustiça e o mal-entendido
Essa imensa piedade de si mesmo, essa imensa
Piedade de si mesmo e de sua força inútil.

Resta esse sentimento de infância subitamente desentranhado
De pequenos absurdos, essa capacidade
De rir à toa, esse ridículo desejo de ser útil
E essa coragem para comprometer-se sem necessidade.

Resta essa distração, essa disponibilidade, essa vagueza
De quem sabe que tudo já foi como será no vir-a-ser
E ao mesmo tempo essa vontade de servir, essa
Contemporaneidade com o amanhã dos que não tiveram ontem nem hoje.

Resta essa faculdade incoercível de sonhar
De transfigurar a realidade, dentro dessa incapacidade
De aceitá-la tal como é, e essa visão
Ampla dos acontecimentos, e essa impressionante

E desnecessária presciência, e essa memória anterior
De mundos inexistentes, e esse heroísmo
Estático, e essa pequenina luz indecifrável
A que às vezes os poetas dão o nome de esperança.

Resta esse desejo de sentir-se igual a todos
De refletir-se em olhares sem curiosidade e sem memória
Resta essa pobreza intrínseca, essa vaidade
De não querer ser príncipe senão do seu reino.

Resta esse diálogo cotidiano com a morte, essa curiosidade
Pelo momento a vir, quando, apressada
Ela virá me entreabrir a porta como uma velha amante
Mas recuará em véus ao ver-me junto à bem-amada...

Resta esse constante esforço para caminhar dentro do labirinto
Esse eterno levantar-se depois de cada queda
Essa busca de equilíbrio no fio da navalha
Essa terrível coragem diante do grande medo, e esse medo
Infantil de ter pequenas coragens.

Vinicius de Moraes
15/04/1962

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Fikadica

Andei lendo “Ordem do discurso”, palestra de Foucault transformada em livro, proferida quando de sua admissão na cátedra no Collège de France, em 1970. É um livro bem fininho, que é lido numa tarde à toa, mas que demora a vida toda pra ser entendido. A intenção da palestra seria de apresentar para o auditório as pesquisas que o filósofo pretendia seguir na instituição, perpassando pelo que já tinha feito até aquele momento. Na primeira parte, se dedica a uma análise do discurso e de suas práticas na “nossa sociedade”, como gostou de dizer, mas principalmente se preocupa com as formas de repressão, limitação, cerceamento e deslocamento desse discurso e o poder embutido nessa luta. Segundo o próprio: “o discurso não é simplesmente aquilo que traduz as lutas ou os sistemas de dominação, mas aquilo pelo que se luta, o poder de que queremos nos apoderar”. Bom, tudo isso pode ser encontrado no verso do livro (inclusive a citação), onde uma moça faz uma sinopse muito boa sobre o texto, porém acho que ele seria um bom condutor da leitura do autor, embora minimamente lido por mim, e que destaca bastante o caminho que a filosofia francesa contemporânea a Foucault irá trilhar, a linguagem (discurso) como preocupação maior na análise do pensamento e de sua relação com o Poder - a História da Filosofia que para Foucault seria válida.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

agora os "comentários inúteis em horas improváveis" estarão no twitter. bom, algumas explicações e defesas: tá, td bem, não tenho tanta assiduidade assim pra falar que haverá um porrão de coisa pra ler, e que as poucas que tiverem serão legais, mas já é um começo; já o twitter...bom, o twitter não tenho o que falar.
pra quem quiser...: http://twitter.com/Gabriel_16

o que vem por aí?

já faz um tempo que venho me interessando cada vez mais nas possibilidades das novas tecnologias de informação e conhecimento(NTICs). quer dizer, bastante tempo, pois logo quando entrei no programa de pesquisa do LIINC, da UFRJ, já entrara em contato com essas novidades e com alguns estudos sobre estas. estou tentando ser aqui o menos cluchê possível, com todo esse papo de "novas possibilidades", "tecnologias que podem mudar o mundo" e blá blá blá. mas não é exatamente assim que as coisas estão se movimentando ultimamente. e quando digo ultimamente me refiro a dois, talvez três anos atrás. tamanho é o potencial que se tem que pode ser visto pela preocupação das grande corporações e conglomerados que começam a botar suas melhores armas em jogo, mas que na verdade escondem uma tremedeira de pernas terrível, um medo danado do que surge hoje das redes sociais (e estéticas, digamos) extremamente poderosas. o que se tem hoje é a internet em nuvem (ou computação em nuvem), acontecimento tão poderoso quanto perigoso, que pode tanto potencializar a criação e a inovação quanto colocar em risco a própria integridade de quem se encontra na rede mundial (tirando, é claro, o bilhão de sub-humanos que não sabe se comerá amanhã). o que se tem hoje é um bilhão e meio de computadores, celulares em milhões e algumas geladeiras e microondas, conectados numa rede complexa como nunca foi; diferenciada e que produz diferença como qualquer outro sistema. os números daqui a dez anos podem chegar na casa do trilhão, fato ainda mais assustador, quando se vê a fragilidade que acompanha tal processo de virtualização que trava briga feia com os processos tradicionais. é essencial nos preocuparmos: o que vem por aí é mais forte e poderoso que scraps e testimonials.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Às vezes o que se precisa é distância. Nem mesmo pensar na presença. Ficávamos pensando muito em como seria se fizéssemos diferente, se fossemos mais fazedores. Espero que não esteja sendo assim com quem estiver agora. Espero que o que estiver fazendo agora seja algo que valha a pena ser vivido, e não contado. Os melhores escritores são os piores vivants. Então escreva mal, querida. Viva para não contar nada para ninguém. Quero você depois com tudo que viveu, sem saber o que foi. Não jogue jogos com a sua vida, não aqueles sem-graça. Apenas viva. Não queira escrever sobre ela. Parabéns pelo aniversário, amiga.