na noite de ontem consegui acabar de ver o documentário sobre a obra do fotógrafo Henri Cartier-Bresson e na ânsia de tentar imitar alguma coisinha do talento do francês, dei um jeito de arrumar pilhas novas e de tirar a poeira da pobre máquina digital que se escondia em algum lugar da casa. após algumas tentativas de tomar fotos boas, que na verdade foram mais brincadeira com a máquina que uma intenção real de se fazer alguma coisa, precisava de ver o resultado no computador, ou seja, precisava do cabo que passa tudo pra ele. procurei nos armários do meu pai, perto do computador de lá de baixo, nas coisas da minha mãe, e finalmente fui bisbilhotar a cabeceira do meu pai, onde ele guarda poucas coisas, como um canivete que lhe foi presenteado ou um relógio de corda antigo, ganho de herança. ao tirar a última gaveta do móvel, por estar vazia demais, ela veio parar por inteira na minha mão, derrubando as poucas coisas que estava ddentro dela. quando fui reparar o erro (que juro pelo que vocês quiserem que foi sem querer), descobri um pequeno caderno no vão entre a última gaveta e o apoio do móvel. era bastante colorido com uma imagem de algum santo ou orixá na capa, não prestei muita atenção. no primeiro momento não dei importancia ao caderninho, e até achei melhor não ser tão despudorado e mexer numa coisa que poderia guardar coisas bem íntimas, coisas que um filho não gostaria de saber sobre o pai. não resisti. há muito tenho pensado em descboria coisas secretas dos meus pais, e menos essas e mais coisas que eles pudessem me dizer se não fossem eles quem são. quero conhece-los como se não tivessem que ser maus pais. ali estava uma chance.
ao abrir vi que tinha uma dedicatória no começo, e entendi a intenção do presente, tao evidente que era. o presentiador queria incentivar meu pai a escavar coisas que não deveriam ter sido enterradas, e antes, permiti-lo que o quê acontecerá, terá nota, terá a oportunidade de não ser enterrado.
comecei a folhear. percebi que eram só 4 folhas escritas. não me senti impedido de ler. li. eram relatos cotidianos, chegando até no dia da semi-final da copa do mundo de 02, que o Brasil perdera para a França. olhem: tinha a escalaçaão do time brasileiro (já sei de onde vem minha paixão pelo futebol).
o que mais me impressionou foi a falta de cadáveres. a falta de exumações. acho que o objetivo do presente não foi atingido, se realmente eu o tivesse desvendado.
mas pensando mais sobre o caso, será que meu pai tinha alguma coisa para desenterrar? será ainda que nada acontecia no seu cotidiano que o fizesse querer arrancar as veias dos braços quando não aguentasse mais sentir pulsar tanto seu sangue, e seu coração no peito? sem desespero? sem paixão?
sei lá. fiquei com medo do meu futuro. muito.
terça-feira, 17 de fevereiro de 2009
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3 comentários:
Tb teria medo no seu lugar... talvez n seja soh o amor pelo futebol q foi herdado! hahahaha (achei melhor rir!)
Acho que estamos chegando em algum lugar.
a eterna procura pelo chifre na cabeça de cavalo quando nem cavalo há.
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